Garanto que quem frequenta o Facebook viu a campanha dos últimos dias para que o ex-presidente Lula faça o tratamento dele no SUS. Eu vi. Matutei. Fiquei cheia de angústia.
Eu não conheço tratamento de câncer, mas eu conheço o sofrimento por quem tem câncer. E é só disso que eu posso falar.
Se o tratamento dele for feito no melhor dos hospitais, ele ainda assim pode vir a sofrer, não as dores físicas, mas as pscológicas deste processo. E a família dele também.
É muito óbvio que assessorado é tudo mais fácil, mas não muda a realidade: o cara tá doente e merece compaixão. A mesma que milhões de pacietes do SUS merecem.
Achar que reinvindicar um ato mais humano por parte da sociedade, em razão de que qualquer um de nós possa ter essa doença, é confiar demais na bondade humana. E confiar nos Homens é geralmente bater com a cara na porta.
Agora colocaram um aviso de que a ideia é atingir o sistema e não a pessoa. Mas o caso é: e se fosse seu pai? Colocar-se no lugar do outro é, por vezes, muito mais difícil que admitir que a corrupção que não gera um sistema ideal de saúde, é a mesma corrupção que povoa os seus desejos, que está na família, no amigo que ganha cargo público, no favor pedido ao político amigo.
Logicamente, queria que fosse possível que todos nós tivéssemos um atendimento de saúde digno. Ué, mas é esperar demais do sistema capitalista.
Lula vai se tratar com os melhores profissionais, vai ter acesso aos melhores tratamentos, ao melhor acompanhamento, mas pode sofrer, como qualquer outro, algum revés inesperado, coisas dessa doença. E vai se tornar vítima da possibilidade milagreira da medicina, assim como ficou José Alencar, por tanto tempo.
O dinheiro compra muitas coisas, mas o destino ainda não é possível. Eu acredito no destino, na infalibilidade do destino e por esse motivo não sofro quado vejo a campanha e penso que meu pai se tratou no SUS, que podia ser diferente em outro lugar. Podia, mas não é. As coisas são o que são.
Temos que reinvindicar todo dia o fim da corrupção, a diminuição dos impostos, o uso correto da máquina pública, e o total acesso do cidadão ao serviços de saúde com ampla qualidade. Porém, o façamos com mais dignidade, sem achar que o sofrimento alheio não pode vir a ser o seu.
Acredite, eu não imaginava, pensar isso hoje. Compadecer do sofrimento, do medo alheio, ainda é o remédio desta sociedade.
Um comentário:
amém.
bjo,laura
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