Pronto, falei!

Fiquei chocada ao ver as notícias sobre o massacre na escola em Realengo. Eu e muita gente. 

Eu sou professora e muita gente sabe disso. Esse é o meu ganha-pão e a minha paixão. Tantas vezes escondida. Porque escola nesse país é o que há de mais horrível. As escolas são locais feios, sujos, mal iluminados, com paredes descascando e goteira pingando. Dentro delas faz calor demais e frio demais. Passa vento pelas janelas quebradas e a acústica é terrível. Os funcionários estão descontentes, o professor cansado e o aluno desmotivado.

Quando um louco entra numa escola e mata dez crianças que estavam ali, naquele estabelecimento, achando que estavam longe de perigos maiores, toda a imprensa e a politicagem olha pra escola. Mostra a escola.

Vocês tem ideia da facilidade para se entrar numa escola pública hoje em dia?? É fácil demais! E pra qualquer um - aluno,funcionário,pai de aluno, ex-aluno, entrar com arma de fogo?? É de rir de tão fácil que isso pode ser.

Quando o menino entrou na escola em Columbine e matou todos aqueles jovens, a discussão que se deu foi da mentalidade do americano, das armas vendidas em hipermercados, da violência gratuita. E agora?? O que falar desse rapaz? Nós não permitimos armas, elas não são vendidas em supermercados, mas ele tinha duas e muita munição.

O prefeito do Rio de Janeiro falava que aquele espaço de formação de sonhos estava mergulhado em tristeza mas que aquilo ia e podia ser modificado. Mas como, seu prefeito???

Pensar numa educação séria, baseada na realidade pode transformar seres humanos, modificar visões de mundo.

Olhar de verdade pra cada um dos alunos, saber quem eles são, é algo que pode transformar o mundo em que viveremos. Pra melhor, obviamente.

O que eu sei é que hoje nosso país viveu um dia de Columbine.

Hoje, 07 de Abril de 2011 foi um dia pra se enxergar a escola. Não só a de Realengo, mas todas as outras que estão por aí, vivendo dias de medo, de incertezas, de dominação. Muitas vezes esperando qual será o dia delas. 

Eu espero que essa tragédia traga ecos de soluções, de uma valorização dos protagonistas desta instituição e da instituição em si. 

Porque do contrário, viveremos o pânico de um repeteco em qualquer canto deste país. A angústia de não saber quem será mais uma vez atacado por essa violência desmedida.